quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
terça-feira, 21 de abril de 2009
INCENSOS... OLHARES
Ontem revi saudoso um trecho de minha vida, dêsse tempo inovidável em que era o maior rival que Cristo possuia em nossa Igreja, onde, dia a dia, as suas devotas passavam para o numero fantastico das minhas admiradoras. Era um domingo de maio, alvo e perfumoso, com lindas figuras de mulher ao redor do altar, numa escadaria que fizeramos até alcançar o nicho da virgem. Dentre tôdas, ela emergia na força da sua sedutora da carnação morena, rija e vivacíssima. Os seus olhos projetavam mais luz do que todos os focos do templo. Aquêle jôrro luminoso e quente me envolvia inteiro do mais terrível dos incêndios em que me encontrei na vida. Tôdas as minhas orações subiam até ele e para ela se dirigiam as baforadas de incenso que minha mão agitava trêmula e nervosa. Ah! Eugênia! por que foi que deram aos turibulos a forma disfarçada de um coração? Naquele momento eu tinha nas mãos o meu ardente coração de moço brasileiro, inflamado turibulo rubro, que agitava na mais nervosa oblata de perfumes, que fêz na terra. Subi, incenso, evolai, perfumai, emblasamai, odorizai a beleza de seu roisto, a formusura, a graça da sua carnação de mulher sedutora, vós, novelos de fragrância, volutas de aromas, símbolos que dois do meu desesperado amor, do meu inutil amor, do meu desgraçado amor.
E as nuvens de perfume subiam, redemoinhando, envolvendo-a por completo. Ela compreendia, jogando-me daquel nicho de santa, ela, mais formosa do que a propria Vigem Maria, os seus melhores olhares de incontida e muito declarada paixão. A ti, minha querida, devo confessar que amei loucamente a essa criatura fatal... Sim, a essa criatura fatal! Por amor do seu amor suportei as maiores aflições da vida, banimentos, humilhações, desprezos, injurias e até o dia em que para sempre a morte nos separou. O coração foi quem a matou, num colapso letal. Nunca a posso entretanto esquecer; todos os anos, neste lindo mês de maio, ressurge o meu amor. É com o prazer de quem vai reencontrar-se com alguem que tanto amou, que entro soberbo e triunfal para as ceirimônias de Maria. Ao redor do seu nincho, entre cânticos dos anjos e as volutas do incenso que minha mão esparge no ar, diviso aquela que amei, quando no peito ainda possuia um coração tropical. A minha mão ainda se agita, mas, cansadamente, com a lentidão de quem diz um adeus, um grande adeus, um amargurado adeus> Sim, como uem diz um adeus amargurado! E ela compreende. Eugênia, fitando-me ainda do alto com aquele seu inesquecido olhar. Um diluvio de pranto embaça o clarão dos seus olhos e dos meus, derramdo-se por êste meu rosto que traz em cada ruga uma paixão sepulta e em cada sulco um sonho desfeito. Ontem foi assim... Inuldado ainda das suas lagrimas é que hoje te escrevo. Sou só na vida, me amor, não tenho sequer que me enxugue o prato que o amor me faz verter. Ah! se encontrasse alguem que tivesse pena de mim!
E as nuvens de perfume subiam, redemoinhando, envolvendo-a por completo. Ela compreendia, jogando-me daquel nicho de santa, ela, mais formosa do que a propria Vigem Maria, os seus melhores olhares de incontida e muito declarada paixão. A ti, minha querida, devo confessar que amei loucamente a essa criatura fatal... Sim, a essa criatura fatal! Por amor do seu amor suportei as maiores aflições da vida, banimentos, humilhações, desprezos, injurias e até o dia em que para sempre a morte nos separou. O coração foi quem a matou, num colapso letal. Nunca a posso entretanto esquecer; todos os anos, neste lindo mês de maio, ressurge o meu amor. É com o prazer de quem vai reencontrar-se com alguem que tanto amou, que entro soberbo e triunfal para as ceirimônias de Maria. Ao redor do seu nincho, entre cânticos dos anjos e as volutas do incenso que minha mão esparge no ar, diviso aquela que amei, quando no peito ainda possuia um coração tropical. A minha mão ainda se agita, mas, cansadamente, com a lentidão de quem diz um adeus, um grande adeus, um amargurado adeus> Sim, como uem diz um adeus amargurado! E ela compreende. Eugênia, fitando-me ainda do alto com aquele seu inesquecido olhar. Um diluvio de pranto embaça o clarão dos seus olhos e dos meus, derramdo-se por êste meu rosto que traz em cada ruga uma paixão sepulta e em cada sulco um sonho desfeito. Ontem foi assim... Inuldado ainda das suas lagrimas é que hoje te escrevo. Sou só na vida, me amor, não tenho sequer que me enxugue o prato que o amor me faz verter. Ah! se encontrasse alguem que tivesse pena de mim!
sexta-feira, 17 de abril de 2009
MEUS OLHOS ESTÂO EM FESTA
Meus olhos estão em festa, e por isso pede o meu coração a Deus que prolongue indefinidamente os dias de inverno que atravessamos. São Paulo espõe nos movimentados mostruários das suas ruas tudo que é de mais famoso vivia oculto nas redomas dos lares. Que lindas moças passam por estas frígidas enervantes tardes paulistanas ! Nem sei qual é o tipo preferivel, porque todos possuem o encanto próprio da sua estatura. No fundo frouxamente iluminado da tarde agonizante surgem mulheres altas e esguias, de colo branco e garganta ebúrnea, voluptosamente envôltas em peles bem mais felizes do que nós, nesse contato de licioso da carne quente e acetinada, por que não poderemos, por um golpe de magia, desfazer-nos do corpo lerdo que temos para surgir transformados nesses adornos, por um momento que fosse? Chegar a boca aos ouvidos de quem se adora e dizer-lhe as confidências que marulham no mar vemelho do coração e que nunca hão de ferir os ares indiscretos das ruas... Sentir de encontro ao nosso peito áspero de homem, a carícia redonda e macia dêsse busto de mulher amada... Colar, enfim, lábios contra lábios, na trnasfusão da febre que chamamos amor... Tudo são loucuras que o frio de São Paulo inspira a quem, como eu, vive só, longe de qualquer caricia faminina. Imagino o que não posso realizar se os meus olhos sonham descobrir, em cada mulher bonita, uma namorada a mais.
Por isso, vivem eles em festa, rogando a Deus que prolongue, indefinitamente, os dias frios de São Paulo hibernais. Passam depois, na meia luz do crepúsculo, no aperto da rua Direita, outras mulheres, de meia altura, firmes e moças. Vem apertadas em casacos macios, que se amoldam perfeitamente ás forma do corpo, pondo-se em resalto. Adivinha-se a côr rosada e latejante da epiderme que ela ocultam e nada a mais delicioso do que adivinhar pela imaginação aquilo que. muitas vezes, a brutalidade real da visão objetiva mata e destroi. Oh ! se pudéssemos tomar elesticidade de certos tecidos fofos e calorentos para aplicar-nod a essas epidermes cor de rosa e leite que a força da juventude anima e aquece. Elas passam e, no ar quase gelado da tarde, vão deixando essa mistura inexplicável de perfume e de calor, de côres e de sombra. que faz a delicia de meus olhos solitários. Deverei deter, um dia, a mais formosa de todas para dizer-lhe a tortura de minha solidão? Deverei contar-lhe as tormentas do meu silencio na mais barulhenta das cidades brasileiraS? Não, abosolutamente não! meus olhos são vagabudos insaciáveis e nunca poderiam adormecer tranquilos, cheios da beleza de uma única mulher. Eles necessuitam de todas as que passam pelas ruas, até da feias, para compor com todos os tipos a ilusão de que eles se alimentam... Como quedar-me acalmado diante de única formosa? Nunca! Perece-me que temos o infinito dentro de nós, não o coração que é cego, maa nos olhos que não se satisfazem jamais. E quando passarem êstes dias nevoentos, como ficarão os meus olhos? Encher-se-ão de cismas e de mágoas gotejadas, depois em lagrimas de saudades? Ó Senhor! prolonga o inverno de São Paulo para que os meus olhos vivam em festa, longe das águas amargasde que sempre inundados! Faze que as mulheres se multipliquem nestas tardes a fim de estadear um pouco da imagem refletida na beleza de seus rostos, a fim de que meus olhos cantem a tua gloria, cantando a formusura das tuas mulheres!
Por isso, vivem eles em festa, rogando a Deus que prolongue, indefinitamente, os dias frios de São Paulo hibernais. Passam depois, na meia luz do crepúsculo, no aperto da rua Direita, outras mulheres, de meia altura, firmes e moças. Vem apertadas em casacos macios, que se amoldam perfeitamente ás forma do corpo, pondo-se em resalto. Adivinha-se a côr rosada e latejante da epiderme que ela ocultam e nada a mais delicioso do que adivinhar pela imaginação aquilo que. muitas vezes, a brutalidade real da visão objetiva mata e destroi. Oh ! se pudéssemos tomar elesticidade de certos tecidos fofos e calorentos para aplicar-nod a essas epidermes cor de rosa e leite que a força da juventude anima e aquece. Elas passam e, no ar quase gelado da tarde, vão deixando essa mistura inexplicável de perfume e de calor, de côres e de sombra. que faz a delicia de meus olhos solitários. Deverei deter, um dia, a mais formosa de todas para dizer-lhe a tortura de minha solidão? Deverei contar-lhe as tormentas do meu silencio na mais barulhenta das cidades brasileiraS? Não, abosolutamente não! meus olhos são vagabudos insaciáveis e nunca poderiam adormecer tranquilos, cheios da beleza de uma única mulher. Eles necessuitam de todas as que passam pelas ruas, até da feias, para compor com todos os tipos a ilusão de que eles se alimentam... Como quedar-me acalmado diante de única formosa? Nunca! Perece-me que temos o infinito dentro de nós, não o coração que é cego, maa nos olhos que não se satisfazem jamais. E quando passarem êstes dias nevoentos, como ficarão os meus olhos? Encher-se-ão de cismas e de mágoas gotejadas, depois em lagrimas de saudades? Ó Senhor! prolonga o inverno de São Paulo para que os meus olhos vivam em festa, longe das águas amargasde que sempre inundados! Faze que as mulheres se multipliquem nestas tardes a fim de estadear um pouco da imagem refletida na beleza de seus rostos, a fim de que meus olhos cantem a tua gloria, cantando a formusura das tuas mulheres!
quinta-feira, 9 de abril de 2009
CORAÇÃO QUE SE ENREGELOU
No umido frio destas hibernosas tards paulistas tenho suspirado por acalenta-me à tepidez de tua juventude tropica. Não imaginas como é cruel o frio no coração dos velhos, principalmente, a mim, visionario do passado, eterno evocador dos diasde sol qque já se anoiteceram na minha alma... tranzem-me estas tarde de São Paulo a lembrança de tantos corações que se esfriaram, assim, de repente, em plena estação calmosa. Que coisa amarga é o inverno do amor, o enregelar-se de um coração que se cansou de amar! Quantos não tive eu, como chamas, em minhas mãos, e que depois, gelados, me fizeram tremer a distância... Ninguem foi mais iludido do que eu: Olhos nenhum viram mais sinceridade do os meus, ainda quando a hipocrisia chamejava nos olhares cúpidos e traidores das suseranas do meu afeto. Recordo-me do último sarau em que nossa velha e inesquecida casa senhoril... Eu tina dezoito anos, o que importa muito, pois, é a quadra de tôdas as generosidades e de todos os sacrificios pelo menos, no homem; na mulher, não sei... Ela teria menos, uns dezesseis anos se tanto. A noite inteira passamos juntos, a embeber-nos de amor, olhos postos dentro de cada olhar, esquecidos da vida, em pleno sonho, envoltos pela mais fragil e dourada das ilusões. Tu serás só meu. Sim, só teu, únicamente para o teu amor... mas vais deixar-me... Deixar-te ? Vou apenas estudar e dentro de cada letra, na extenção de cada palavra, nos menor dos sons, no mais exígno átomo de beleza, tu vibrarás na minha lembrança, dento de minha saudade. Tu, sim, meu ídolo, é que ne poderás esquecer, aqui, onde a tua formosura desperta admiradores nos próprios espinhos que te querem ferir, por amar-te... Eu esquecer-te? Juro pelas estrelas que nos ouvem, pelo Deus que trago neste colar. Como sabes mentir os lábios da mulher enganosa! Desculpe-me Eugênia, mas, é a verdade. Penso que dentre todas do mundo, uma só não mintiu, não enganou; minha mãe.
Anos depois nas férias de julho, numa noite fria, tal como as noites de São Paulo, encontramo-nos de novo, num lindo sarau de arte, em casa amiga. Procurei-a. Recebendo-me, assim, como nos recebem as noites de inverno, em plena rua deserta; friamente. Apresentou-me o seu noivo e falou, pedantemente, perguntando-me dos meus estudos. Disse-lhe que ia muito bem, com especialidade em astronômia, pois que as estrelas me eram de grande consolo, verdadeiras confidentes. Desconfiou logo do meu alvo e com o maior cinismo discorreu acêrca do perigo de fitar estrelas. Depois, como o noivo lhe perguntasse se me conhecia de há muito tempo, explicou-
lhe que não, apenas de déspera, apresentado por uma amiguinha comum. A orquestra iniciou uma valsa qualquer e amobos, para alivio meu, saíram dançando com infinita placidez.
Nunca senti tanto frio como naquela noite e parece-me que até hoje o sinto, êsse frio apertar-me o coração. Já reparaste em certos tipos que vibem de contínuo encapotados, tremendo sempre, sem jamais encontrarem calor que os aqueça? Tenho nêles outros companeiros meus, amantes sinceros que viram, numa noite de inverno, enregelar-se algum falso amor, algum falso coração, Fica-lhes depois êsse frio tão entranhado na alma, que a menor oscilação de temperatura lhes basta para sentir contrafeita a existência, obscurecido o mundo, detestável o viver. Nenhum outro carinho consegue reconfortar o coração que descreu, nem mesmo êste amor divino que Cristo veio trazer a Terra. Quase meio século já se foi que frade me fiz e por Deus me suicidei; entretanto, nas tardes melancolicas dêste clima paulista, quando uma garoa tinge de cinza a celagem fatal do céu que nos espia carrancudo e mau, sinto como se uma ponta de gêlo, no íntimo do coração, renascer-me a recordação cruel dessa noite em que ela me desconheceu e por ortro mais rico talvéz, me substituiu, na venalidade de sua alma sem dó nem amor. Hoje estou assim, trêmulo de frio, tiritando e sem gôsto, sem coragem ate para suster a pena amargurada com que te escrevo. É a ponta de gêlo que já se aguçou, qua já me fêz sentir, mais doloroda agora, pois mais velho e sentimental, mais sensível e afetuoso, todo me contristo e em mágoas me desfaço ao simples aceno do inverno. Pesponde-me logo para que eu me acalente, me escalde no braseiro das tuas ilusões de oça, que ainda acredita na sinceridade do verbo amar.
Anos depois nas férias de julho, numa noite fria, tal como as noites de São Paulo, encontramo-nos de novo, num lindo sarau de arte, em casa amiga. Procurei-a. Recebendo-me, assim, como nos recebem as noites de inverno, em plena rua deserta; friamente. Apresentou-me o seu noivo e falou, pedantemente, perguntando-me dos meus estudos. Disse-lhe que ia muito bem, com especialidade em astronômia, pois que as estrelas me eram de grande consolo, verdadeiras confidentes. Desconfiou logo do meu alvo e com o maior cinismo discorreu acêrca do perigo de fitar estrelas. Depois, como o noivo lhe perguntasse se me conhecia de há muito tempo, explicou-
lhe que não, apenas de déspera, apresentado por uma amiguinha comum. A orquestra iniciou uma valsa qualquer e amobos, para alivio meu, saíram dançando com infinita placidez.
Nunca senti tanto frio como naquela noite e parece-me que até hoje o sinto, êsse frio apertar-me o coração. Já reparaste em certos tipos que vibem de contínuo encapotados, tremendo sempre, sem jamais encontrarem calor que os aqueça? Tenho nêles outros companeiros meus, amantes sinceros que viram, numa noite de inverno, enregelar-se algum falso amor, algum falso coração, Fica-lhes depois êsse frio tão entranhado na alma, que a menor oscilação de temperatura lhes basta para sentir contrafeita a existência, obscurecido o mundo, detestável o viver. Nenhum outro carinho consegue reconfortar o coração que descreu, nem mesmo êste amor divino que Cristo veio trazer a Terra. Quase meio século já se foi que frade me fiz e por Deus me suicidei; entretanto, nas tardes melancolicas dêste clima paulista, quando uma garoa tinge de cinza a celagem fatal do céu que nos espia carrancudo e mau, sinto como se uma ponta de gêlo, no íntimo do coração, renascer-me a recordação cruel dessa noite em que ela me desconheceu e por ortro mais rico talvéz, me substituiu, na venalidade de sua alma sem dó nem amor. Hoje estou assim, trêmulo de frio, tiritando e sem gôsto, sem coragem ate para suster a pena amargurada com que te escrevo. É a ponta de gêlo que já se aguçou, qua já me fêz sentir, mais doloroda agora, pois mais velho e sentimental, mais sensível e afetuoso, todo me contristo e em mágoas me desfaço ao simples aceno do inverno. Pesponde-me logo para que eu me acalente, me escalde no braseiro das tuas ilusões de oça, que ainda acredita na sinceridade do verbo amar.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
A LOURA FATAL
CONHECI-O nos meus primeiros anos de vida religiosa. Viajáramos juntos, no mesmo carro e no caustro, tivemos as mesma aspirações, os mesmos sonhos. Ambos nascidos para a eloquencia, nutrimos a ilusão de arrebatar os povos com a nossa palavra. Confesso que ele era mais vivaz e eu mais profundo; que ele arrebatava e eu apenas convencia. Porque arrebatava, desapareceu no arrebatamento do seu carater e aqui fiquei por me haver convencido de que deveria ficar. Grande alma, coração não menor, chamava-se Atanásio. Feio nome, não é? É nunca o ouviste; no calor da sua palavra, toda a rudeza física se sobredoirava de uma facinação irresistivel e as almas femininas adoravam-no gulosamente. Numa festa religiosas a que fôra pregar, seduziu-o o fulgor de uma cabeça loura e refressou ao mosteiro inteiramente trnstornado. Surpreendi-o a chorar, numa tarde, quando as sombras enchiam os longos corredores do convento. Tomei-lhe sôbre o meu peito acabeça congestionada de ilusões e falei-lhe de Deus e da mulher, da terra que passa e o céu que permanece. Não me entendia; a visçao daquela cabeça loura lhe transtornara o espirito e a lembrança dos proprios votos já lhe não pesava mais na conciência.
Veio a Semana Santa e o grande sermão do Mandato lhe foi confiado. Deveria falar da festa do amor, da epopéia do coração. E quem melhor do que falaria do amor, se dele trazia o coração a fremir? Falou fantasticamente bem mais humanamente. Num momento patético, quando decrevia a tortura de quem nasceu para o amor sem, entretanto, poder amar entre as muitas pessoas que se comoviam, notei, a pouca distância, uma cabeça loura que tremia convulsa...
Na manhã de pascoa, na neblina leve que poétizava a procissão da madrugada ao lado do meu companheiro de cilício e burel, acompanhou-o sempre um vulto, uma silhueta, uma sombra, que era quase de anjo se não fosse de Satanás. No dia seguinte, no meu genuflexório, tarjada de negro, achei uma carta. Encerrava as suas despedidas. O clautro já não o encantava mais, errara o seu caminho, fora louco em pensar que poderia, no ardor dos 20 anos, calar a voz do coração despertado pelo amor. Fugia, pois, para o mundo que tanto combatera e por que fôra vencido. Que eu rezasse por ele, que lhe perdoasse a loucura daquele ato e se um dia, pobre ou desgraçado o encontrasse, fosse para com ele o bom samaritano do Evangelho. Fugiu o meu companheiro, deixou a paz dêste mosteiro silencioso para cair no verdadeiro inferno de que falam as Escrituras. Quando Frei Atan´sio se apresentou em casa de Eunice, a loura, e com um mundo de ilusões na alma, aquela cabecinha loura que o conturbara, que o arrebatara do convento, recebe-o friamente e à queima-roupa lhe disse: "Voce era lindo de batina, mas assim... que deselegancia de porte, que mal gosto no vestir-se ! Parece-me que já não tenho diante de mim aquele formoso pregador da Semana Santa; perdeu-se o encanto daque habito que me seduzia... Você é como êsses milheres que rodeiam a minha janela. Não seria melhor que voltasse para o seu mosteiro?"
Louco, sem uma palavra sequer, voltou-se para a rua e desapareceu. Numa cidade proxima havia um colegioonde precisava de um professor. O grade prepara do trânsfuga infeliz foi aceito e, por um esforço de vontade sôbre-humano, esqueceu-se Eunice. Numa das festas do Colégio, o Dr. Atanásio conheceu uma moça. Atraiu-lhe a atenção a grande tristeza que derramada havia naque rosto de mulher. Depois de algumas visitas conheceram-se mais intimamente.
Os romances eram identicos; tambem ela fora vitima de uma ilusão amorosa; rica, mandara a estudar um seu primo, com a condição explicita de casar-se com ele após a formatura. Terminados os estudos, nomeado promotor numa cidade do país, la se ouvidou da prima benfeitora pelos olhos claros da filha do juiz da comarca. Desta forma, naquela cidade onde o meu companheiro era professor , se encontrava dois despeitados e, ela para fazer pirraça a Eunice que o despresara; e ela, para fazer acinte ao primo que a esquecera, se casaram. Não havia um amor muito vivo nessas núpcias; havia um desejo multuo de se vingarem ambos dos corações ingratos que os tinham olvidado. Desde êsse tempo é que detesto as cabeças louras e os olhos claros. Há nessese esplendores de sol o reflexo fulvo das chamas do inferno
Veio a Semana Santa e o grande sermão do Mandato lhe foi confiado. Deveria falar da festa do amor, da epopéia do coração. E quem melhor do que falaria do amor, se dele trazia o coração a fremir? Falou fantasticamente bem mais humanamente. Num momento patético, quando decrevia a tortura de quem nasceu para o amor sem, entretanto, poder amar entre as muitas pessoas que se comoviam, notei, a pouca distância, uma cabeça loura que tremia convulsa...
Na manhã de pascoa, na neblina leve que poétizava a procissão da madrugada ao lado do meu companheiro de cilício e burel, acompanhou-o sempre um vulto, uma silhueta, uma sombra, que era quase de anjo se não fosse de Satanás. No dia seguinte, no meu genuflexório, tarjada de negro, achei uma carta. Encerrava as suas despedidas. O clautro já não o encantava mais, errara o seu caminho, fora louco em pensar que poderia, no ardor dos 20 anos, calar a voz do coração despertado pelo amor. Fugia, pois, para o mundo que tanto combatera e por que fôra vencido. Que eu rezasse por ele, que lhe perdoasse a loucura daquele ato e se um dia, pobre ou desgraçado o encontrasse, fosse para com ele o bom samaritano do Evangelho. Fugiu o meu companheiro, deixou a paz dêste mosteiro silencioso para cair no verdadeiro inferno de que falam as Escrituras. Quando Frei Atan´sio se apresentou em casa de Eunice, a loura, e com um mundo de ilusões na alma, aquela cabecinha loura que o conturbara, que o arrebatara do convento, recebe-o friamente e à queima-roupa lhe disse: "Voce era lindo de batina, mas assim... que deselegancia de porte, que mal gosto no vestir-se ! Parece-me que já não tenho diante de mim aquele formoso pregador da Semana Santa; perdeu-se o encanto daque habito que me seduzia... Você é como êsses milheres que rodeiam a minha janela. Não seria melhor que voltasse para o seu mosteiro?"
Louco, sem uma palavra sequer, voltou-se para a rua e desapareceu. Numa cidade proxima havia um colegioonde precisava de um professor. O grade prepara do trânsfuga infeliz foi aceito e, por um esforço de vontade sôbre-humano, esqueceu-se Eunice. Numa das festas do Colégio, o Dr. Atanásio conheceu uma moça. Atraiu-lhe a atenção a grande tristeza que derramada havia naque rosto de mulher. Depois de algumas visitas conheceram-se mais intimamente.
Os romances eram identicos; tambem ela fora vitima de uma ilusão amorosa; rica, mandara a estudar um seu primo, com a condição explicita de casar-se com ele após a formatura. Terminados os estudos, nomeado promotor numa cidade do país, la se ouvidou da prima benfeitora pelos olhos claros da filha do juiz da comarca. Desta forma, naquela cidade onde o meu companheiro era professor , se encontrava dois despeitados e, ela para fazer pirraça a Eunice que o despresara; e ela, para fazer acinte ao primo que a esquecera, se casaram. Não havia um amor muito vivo nessas núpcias; havia um desejo multuo de se vingarem ambos dos corações ingratos que os tinham olvidado. Desde êsse tempo é que detesto as cabeças louras e os olhos claros. Há nessese esplendores de sol o reflexo fulvo das chamas do inferno
QUARTA-FEIRA DE CINZAS
Quarta-Feira de cinzas amanheceu chuvosa e triste. Parece-me que toda a saudade do carnaval se projetava na colagem gris do dia enublado. Havia um grande sofrimento espalhado na atmosfera e um desejo inexplicavel de chorar me invadia como se houvesse perdido um grande bem da minha vda, o meu próprio coração. Vinha do meu intimo essa vontade infantil de chorar muito, a grandes soluços, num lugar onde todos me vissem chorando, tal como Jeremias que foi prantear no meio das ruinas da Cidade Santa, no momento em que todos passavam pelo cativeiro. Alguma coisa de muito desagradável me ia acontecer, pois assim me pressagiava o coração, Tentei uma cena de Teatro, uma coisa qualquer que distraisse, que me chamasse a atenção de todos, que me fizesse o homem d dia e talvez de sempre, falando em todas as conversações do local. De religião, minha querida, não tinha nessa época, nem o tamanho de um grão de mostarda. Depois, o vigario, homem rancoroso e político, inimigo da nossa familia por questões muito antigas, não me inspirava outro pensamento que não fosse o de coloca-lo em irrsão e escândalo. Imaginei pois um escândalo em plena igreja paroquial, naquele dia de penitência, únicamente para atrair a atenção do público e assim revelar-me aos comparças daquela noite de baile, em casa de Julieta. Sabes o que resolvi? Apresentar-me na igreja, e tomar cizas com meu traje de dominó tristonio da primeira noite. Minha familia, meu pai por exelencia, ameaçou-me de expulsar de casa se tentasse semelhante escandalo. Quem pode, porem, com a mocidade estróina e enfatuada? Por uma porta pouco frequentada do templo, ingressei naquela manhã que dissidiu da minha vida. Ia encolto numa grande capa espanhola que me ocultava o traje ridículo e atentatório à santidade do lugar. Quando mais repleta estava a matriz, do meu posto notava a curiosidade dos meus companheiros de baile, olhando sempre para qualquer pessoa que entrasse, na esperança de ver o sinal estranho, que o macarado prometera para aquela missa. No momento em que o vigario, depois d explicar o simbolismo das cinzas, descia do altar para a mesa da comunhão, onde numerosas pessoas se ajoelhavam para a cerimônia, bem do fundo sem capa espanhola, subi, mascilento dominó roxo com o meu rosto a descoberto.
Não houve surpêsa, houve espanto, ouve repulsa, houve indignação. Notei que Julita havia desmaiado e que o vigario,colérico, acenava para alguem, chamando-o. Esse alguem era o meu Pai. Ele subiu tambem, venerado na sua roupa preta, onde a cabeça branca era um pouco de luar. Chegou-se a mim e expulsou-me do templo, da familia tambem. Já não me recordo de como saí daquela missa, mas a atitude do meu progenitor calou-me muito mais do que se o céu, rasgando-se, me amaldiçoasse. Nunca mais alguem me viu na minha terra natal, a não ser dez anos depois, quando êste hábito já me envolvia na sua estamenha da penitência e que sob ele, outro coração pulsava inteiramente mudado, inteiramente morto. Foi assim minha querida Eugênia, numa espetaculosae saerflega tristeza, que me consumou a morte de meu amor, do meu único amor, criança que talvez brilhe transformada em luz, nalguma estrêla no céu, para assistir a meus passos aqui na vida escura de quem, tanto amado, já não pode mais amar. Então Julieta morreu? Nauela quarta-feira de cizas havia na celagem triste do dia chuvoso uma grande mâgoa diluida e do meu interior ascendia-me até os olhos uma vontade infantil de chorar. Parecia-me que ia perder um grande bem, o maior da minha vida e perdi na verdade: dez anos de ausência não permitiram colher, no desfalecimento final da agonia de Julieta, o seu ultimo olhar, o maior bem que já possui na terra.
Não houve surpêsa, houve espanto, ouve repulsa, houve indignação. Notei que Julita havia desmaiado e que o vigario,colérico, acenava para alguem, chamando-o. Esse alguem era o meu Pai. Ele subiu tambem, venerado na sua roupa preta, onde a cabeça branca era um pouco de luar. Chegou-se a mim e expulsou-me do templo, da familia tambem. Já não me recordo de como saí daquela missa, mas a atitude do meu progenitor calou-me muito mais do que se o céu, rasgando-se, me amaldiçoasse. Nunca mais alguem me viu na minha terra natal, a não ser dez anos depois, quando êste hábito já me envolvia na sua estamenha da penitência e que sob ele, outro coração pulsava inteiramente mudado, inteiramente morto. Foi assim minha querida Eugênia, numa espetaculosae saerflega tristeza, que me consumou a morte de meu amor, do meu único amor, criança que talvez brilhe transformada em luz, nalguma estrêla no céu, para assistir a meus passos aqui na vida escura de quem, tanto amado, já não pode mais amar. Então Julieta morreu? Nauela quarta-feira de cizas havia na celagem triste do dia chuvoso uma grande mâgoa diluida e do meu interior ascendia-me até os olhos uma vontade infantil de chorar. Parecia-me que ia perder um grande bem, o maior da minha vida e perdi na verdade: dez anos de ausência não permitiram colher, no desfalecimento final da agonia de Julieta, o seu ultimo olhar, o maior bem que já possui na terra.
terça-feira, 7 de abril de 2009
O DOMINÓ VERMELHO
EU fiquei naquela noite do baile. Todos já sabiam quem era e únicamente para evitar amarguras maiores é que não me expulsou a familia de Julieta. Na noite seguinte, têrça-feira de canaval, de novo os salões daquela casa se abriram e por um recado urgente fiquei sabendo que os porteiros tinham ordem expressa de não permitir a entrada a nenhum dominó roxo. Quando já dançavam por varias horas e ninguem mais se preocupava com o dominó da outra noite, o mestre-sala anunciou entre uma valsa e um lanceiro a presença de um dominó...vermelho. A surpresa foi geral e a todos se comunicou uma irresistível curiosidade; seria o mesmo de ontem? Porque veio hoje de vermelho? Outro simbolismo? Para aumentar a ansiedade curiosa, depois de revelar-me a Julieta por um modo todo meu de apertar-lhe a mão, sai valsando com a mais horrenda figura daquela noite, com uma tia provinciana da familia, mulher idosa que o casamento esquecera na desolação de uma virgindade martirizante. O contraste de nossos tipos chamou a atenção de todos e a minha elegância de dançarino perfeito foi uma tentação aos olhos cúpidos da mocidade folgazã daquele sarau. Deppois me quedei a um canto sem dançar. As moças incomodadas com a minha simulada solidão, pediram a Julieta que me fosse tirar , já que da senhora da festa deveria partir tamanha delicadeza. Era o que esperava e nessa noite invertemos os papeis: Julieta foi o galanteador e eu o amoroso bisonho. Pela madrugada surgiu de nivo a velha marquesa a exigir que as máscaras fôssem tiradas. Novamente subi a uma cadeira e, dizendo que ia imitar o tristonho dominó roxo da noite anterior, pedi que me conservassem a máscara, prometendo denunciar quem eu fosse, na missa de quarta-feira de cinzas. Na igreja, penetraria todo de preto, mas levaria uma insigna qualquer que me faria conhecido a todos. Concordou comigo a assistência, porque a imaginação ficou exaltada por saber o que iria acontecer na missa do dia seguinte. As músicas romperam de novo e requestrado por todas as mulheres, rodopiei no salão, ora nestes, ora naqueles braços, mas de preferencia ao lado de Juliana. Já no romper da aurora, numa valsa lânguida como chorosa: Quando mais nos veremos?
Amanhã, ou melhor, hoje na missa das cinsas. Receio que voce faça qualquer loucura e que êste seja realmente o dia das cinzas do nosso amor. Pode ser, minha querida, mas serei tão fino, que só os amorosos compreenderão o meu sinal. Ela fitou-me ainda e adivinhei lágrimas nos seus olhos. O coração feminino, Eugenia, é sempre mais delicado e como antenas misteriosas, vibra ao menor sôpro das invisíveis amarguras. Era a primeira vez que os nossos corpos se punham em contacto e talves nunca mais nos encontrassemos na vida. Quando os primiros convidados se retiravam e a saudade do carnaval se espalhava como uma cinza pelo ambiente, Julieta pediu-me quase chrando, que antes de partir, levantasse a máscara de sêda. Queria ver-me o rosto a descoberto, queria contemplar-me na sua propria casa, nos seus proprios braços, para que ao menos , dizia ela, quando não podermos mais falar, eu sonhe contigo e me console de te haver possuido contra o meu peito, junto ao meu infelicissimo coração. Levantei a máscara de sêda.
Era a um canto esquecido da sala, ás três da madrugada. Ninguém nos via; só Deus abençoava o nosso amor e os anjos velavam adejando pelo espaço embriagado de perfume, eletrizado de anseios, congestionado de desejos. o que se passou não posso escrever-te, minha querida , por que nesses momentos a razão se perturba e o homem desaparece para só ficar a apaixão. Lembro-me só de que a estretei junto a mim, tão apertadamente, que desfaleceu. O meu sopro de fogo reanimou-a e fugi, eis a verdade, para não desfalecer tambem, tal era o deliquio das minhas fôrças. Fugi. Era quarta-feira de cinzas e deveria preparar-me a missa, onde me daria a conhecer. No caminho, varias pessoas me tentaram, mas ia cego... de amor
Amanhã, ou melhor, hoje na missa das cinsas. Receio que voce faça qualquer loucura e que êste seja realmente o dia das cinzas do nosso amor. Pode ser, minha querida, mas serei tão fino, que só os amorosos compreenderão o meu sinal. Ela fitou-me ainda e adivinhei lágrimas nos seus olhos. O coração feminino, Eugenia, é sempre mais delicado e como antenas misteriosas, vibra ao menor sôpro das invisíveis amarguras. Era a primeira vez que os nossos corpos se punham em contacto e talves nunca mais nos encontrassemos na vida. Quando os primiros convidados se retiravam e a saudade do carnaval se espalhava como uma cinza pelo ambiente, Julieta pediu-me quase chrando, que antes de partir, levantasse a máscara de sêda. Queria ver-me o rosto a descoberto, queria contemplar-me na sua propria casa, nos seus proprios braços, para que ao menos , dizia ela, quando não podermos mais falar, eu sonhe contigo e me console de te haver possuido contra o meu peito, junto ao meu infelicissimo coração. Levantei a máscara de sêda.
Era a um canto esquecido da sala, ás três da madrugada. Ninguém nos via; só Deus abençoava o nosso amor e os anjos velavam adejando pelo espaço embriagado de perfume, eletrizado de anseios, congestionado de desejos. o que se passou não posso escrever-te, minha querida , por que nesses momentos a razão se perturba e o homem desaparece para só ficar a apaixão. Lembro-me só de que a estretei junto a mim, tão apertadamente, que desfaleceu. O meu sopro de fogo reanimou-a e fugi, eis a verdade, para não desfalecer tambem, tal era o deliquio das minhas fôrças. Fugi. Era quarta-feira de cinzas e deveria preparar-me a missa, onde me daria a conhecer. No caminho, varias pessoas me tentaram, mas ia cego... de amor
O DOMINÓ ROXO
Já entrados que somos na Quaresma, não me posso esquecer dos dias de carnaval.
É a festa que mais me faz refluir ao coração as inesquecidas aventura da minha vida, imagina Eugenia, a sedução que êsses dias de loucura exerciam sobre mim, eu que nasci para gozar a vida em todas as suas modalidades e que, por um capricho da sorte acabo a existência silenciosamente num caustro.
Agora que me contento com ouvir as algazarras, os brados, os estouros dos que ainda não morreram para o prazer, fecho os olhos cansados e procuro ressuscitar dentro de mim, os últimos carnavais em que tomei parte.
Num deles, numa imitação perfeita daqueles desventurados amantes de Verona, fui um Romeu extraordinario ao lado de uma Julieta inesquecível; ela era morena e delicada, flôr que há muito me seduzia com o perfume de sua carne de moça tropical e ardentes olhos profundos: Mas a sua familia odiava a minha gente e os meus pais juraram exterminá-la um dia.
E nós, por um destino ingrato, nos amávamos contra tôda a esperança de uma futura união: O amor, minha querida Eugenia, tem dessas tiranias: nasce, inflama-se, justamente, lá, onde nada há que o possa eternizar.
Pois naquele ano, Julieta deu o mais requintado baile à fantasia de que tenho lembrança: Por uma verdadeira maldição, trabalho oculto do destino que em tudo sempre me foi cruel, recebi tambem um convite, uma ordem para o baile.
Naquele tempo éramos romanticos em tudo, e pelo único prazer de merecer um sorriso, um olhar, que fosse, arrostávamos os perigos maiorese as mais ariscadas decepções.
Como entrar naquele baile se o salão parecia aos inimigos rancorossos da minha gente? Como comparecer aquela festa sem incidir na maldição que os meus juravam a todos os que cruzassem os umbrais daque casa? Entretanto, o convite trazia uma ordem imperiosa do meu amor e eu sentia no seu perfume o hálito de quem me goverava a alma e me seduzia o coração.
As letras do seu escrito tinham sido iluminadas pelo fogo daquele olhar a que ninguem resistiu, o oceano de luz onde eu naufragara cego, já há tanto tempo ! E fui ao baile.
Iam-se as danças prolongando até muito dentro da noite, quando o porteiro anunciou a entrata de um dominó: A mascara de séda cobria-me o rosto, e só os meus olhos faiscavam como relâmpagos vivissimos.
A cortesia daquela gente não inquiriu do meu nome, mas, a legância requintada do meu traje, a maneira toda peculiar do meu modo de valsar, a frequencia ardorosa com que tirava Julieta para o salão e a perseguia por toda a parte, patentearam a todos quem deveria eu ser e passei a formar o único assunto das intrigas daquela noite. Pela madrugada, pelo simples capricho de conhecer-me, a mãe da Julieta, batendo palmas no salão, exigiu que as máscaras fossem arrancadas. Chegava para mim, o momento de retirar-me, pois, a minha presença se tornava insustentável. Todos concordaram e sómente o Dominó tristonho não estêve pelo arbítro geral.
Era, entretanto, necessário dizer ao publico uma das palavras que esclarecessenm a minha recusa. Batendo palmas tambem, subi a uma cadeira e deixei o coração revelar-me, sem que a máscara descesse.
Retirava-me, porque o roxo do meu traje simbolizava a paixão irrealizável a minha alma. Todo o encanto de uma paixão reside justamente em envolvê-la de um certo mistério. No momento em que os nossos lábios se abrem para dizer tudo a quem amamos, o nosso amor perde tôda a sua atração e se torna comum. Assim era a minha máscara de sêda roxa; se caísse, o meu rosto revelaria tanta mágoa, que a festa findaria em pranto. E para que chorar, quando todos riam?Deixaria, pois, aquela festa se não me permitissem ficar de mácara.
Fico? - Perguntei, ansiosamente, a todo o salão. Houve um momento de inquietude antes que a velha senhora falasse, dando a sentença. Julieta antecipou o veredito, bradando nervosa: - "Fica tristonho dominó da côr das almas melancólicas". E fiquei. Antes não ficasse, minha Eugenia, porque não trazia hoje tanta amargura comigo, nem tanta tristeza me encheria o vazio incomensurável da minha alma deserta. Porque tudo isso? Na carta seguinte eu to direi. Adeus.
É a festa que mais me faz refluir ao coração as inesquecidas aventura da minha vida, imagina Eugenia, a sedução que êsses dias de loucura exerciam sobre mim, eu que nasci para gozar a vida em todas as suas modalidades e que, por um capricho da sorte acabo a existência silenciosamente num caustro.
Agora que me contento com ouvir as algazarras, os brados, os estouros dos que ainda não morreram para o prazer, fecho os olhos cansados e procuro ressuscitar dentro de mim, os últimos carnavais em que tomei parte.
Num deles, numa imitação perfeita daqueles desventurados amantes de Verona, fui um Romeu extraordinario ao lado de uma Julieta inesquecível; ela era morena e delicada, flôr que há muito me seduzia com o perfume de sua carne de moça tropical e ardentes olhos profundos: Mas a sua familia odiava a minha gente e os meus pais juraram exterminá-la um dia.
E nós, por um destino ingrato, nos amávamos contra tôda a esperança de uma futura união: O amor, minha querida Eugenia, tem dessas tiranias: nasce, inflama-se, justamente, lá, onde nada há que o possa eternizar.
Pois naquele ano, Julieta deu o mais requintado baile à fantasia de que tenho lembrança: Por uma verdadeira maldição, trabalho oculto do destino que em tudo sempre me foi cruel, recebi tambem um convite, uma ordem para o baile.
Naquele tempo éramos romanticos em tudo, e pelo único prazer de merecer um sorriso, um olhar, que fosse, arrostávamos os perigos maiorese as mais ariscadas decepções.
Como entrar naquele baile se o salão parecia aos inimigos rancorossos da minha gente? Como comparecer aquela festa sem incidir na maldição que os meus juravam a todos os que cruzassem os umbrais daque casa? Entretanto, o convite trazia uma ordem imperiosa do meu amor e eu sentia no seu perfume o hálito de quem me goverava a alma e me seduzia o coração.
As letras do seu escrito tinham sido iluminadas pelo fogo daquele olhar a que ninguem resistiu, o oceano de luz onde eu naufragara cego, já há tanto tempo ! E fui ao baile.
Iam-se as danças prolongando até muito dentro da noite, quando o porteiro anunciou a entrata de um dominó: A mascara de séda cobria-me o rosto, e só os meus olhos faiscavam como relâmpagos vivissimos.
A cortesia daquela gente não inquiriu do meu nome, mas, a legância requintada do meu traje, a maneira toda peculiar do meu modo de valsar, a frequencia ardorosa com que tirava Julieta para o salão e a perseguia por toda a parte, patentearam a todos quem deveria eu ser e passei a formar o único assunto das intrigas daquela noite. Pela madrugada, pelo simples capricho de conhecer-me, a mãe da Julieta, batendo palmas no salão, exigiu que as máscaras fossem arrancadas. Chegava para mim, o momento de retirar-me, pois, a minha presença se tornava insustentável. Todos concordaram e sómente o Dominó tristonho não estêve pelo arbítro geral.
Era, entretanto, necessário dizer ao publico uma das palavras que esclarecessenm a minha recusa. Batendo palmas tambem, subi a uma cadeira e deixei o coração revelar-me, sem que a máscara descesse.
Retirava-me, porque o roxo do meu traje simbolizava a paixão irrealizável a minha alma. Todo o encanto de uma paixão reside justamente em envolvê-la de um certo mistério. No momento em que os nossos lábios se abrem para dizer tudo a quem amamos, o nosso amor perde tôda a sua atração e se torna comum. Assim era a minha máscara de sêda roxa; se caísse, o meu rosto revelaria tanta mágoa, que a festa findaria em pranto. E para que chorar, quando todos riam?Deixaria, pois, aquela festa se não me permitissem ficar de mácara.
Fico? - Perguntei, ansiosamente, a todo o salão. Houve um momento de inquietude antes que a velha senhora falasse, dando a sentença. Julieta antecipou o veredito, bradando nervosa: - "Fica tristonho dominó da côr das almas melancólicas". E fiquei. Antes não ficasse, minha Eugenia, porque não trazia hoje tanta amargura comigo, nem tanta tristeza me encheria o vazio incomensurável da minha alma deserta. Porque tudo isso? Na carta seguinte eu to direi. Adeus.
QUEM SOMOS NÓS?
DIAS DE GLORIA E DE TORTURA- Iniciamos agora as cartas destinadas a Querida Eugenia, e creio que neste momento ao transcrever as correspondencias de Frei Franscisco da Simplicidade estaremos deixando para a posteridade, os escritos no século XVIII.
De todas as partes perguntam: - Quem sou eu; quem és tu. Querem saber quem seja o Frade amargurado que te escreve, com tanta lágrima nos olhos e tanto amor infeliz no coração.
Anseia por descobrir quem sejas tú, tão querida, ao ponto de mereceres tão frequentemente a confidência dolorosa de um sonhador que descreu de amar. Desejo inutil. vão esforço, porque nós somos todos aqueles que já tiveram uma ilusão e a viram desfeita.
Vivemos, tu, dentro de cada alma de mulher que foi infeliz e nesta vida passou pela desgraça de se deixar iludir; eu, no intimo de cada homem, no latejamento febriu de todos os corações masculinos que provaram o amor; que por um minuto sentiram as delicias do Edem e depois expulso da mansão dos sonhos, vaguearam sob o clarão da espada ígnea do Arcanjo, sem rumo, sem destino, arrastados pela dor de ter amado, pela saudade da beleza que entreviram, ralados pela ânsia, pelo tormento de nunca mais poder amar, porque o amor é como a vida; um só se há de ter, um só se há de experimentar para eternamente ser feliz ou infeliz.
Outros virão fugazes, superficiais, amargosos, servido apenas para aumentar a angústia da lembrança daque que se perdeu.
Quem somos nós? somos o duplo coração da humanidade, perenemente em dor, od pólos da vida; o in ferno e o céu das religiões espirituais; a lágrima e o anseio dos que amaram; o tormento dos que se quiseram; a angustia dos amorosos que jamais conseguiram unir-se.
Somos a sombra de todos os amantes; a tristeza de todos os que tentaram alçar-se até Deus e se aprofundaram até Satã: Vibra no silêncio a desdita das mulheres que a ilusão emudeceu: És a projeção dolorosa de tôdas essas almas que se suicidaram por um beijo e numa irresolução perderam a melhor batalha da vida; os trufos do amor.
Eu sou alguma coisa a mais do que tú; tu és mulher apenas; eu sou frade tambem.
Ah ! se os leitores pudessem reclinar a cabeça cheia de sonhos sôbre o amargurado coração que esta cartas compõe ! Ah se pudessem...
Os anos que me sugaram as faces e hoje, trêmula, esta pena dolorosa nas mãos colocaram, não conseguiram abafar o bramido de revolta que nêle o amor despertou, as labaredas que o incendio da paixão lhe ateou em outras épocas.
Nem sei como arde e em flamas se não faz o burel que me amortalha: Ruge atormentado em mim o coração humano que amou e que, por imposição dos homens, em nome de ula Lei injustificavel perante Deus e as escrituras, nunca mais poderá amar.
Todos esses milhões de monges, êsses incontaveis amorosos que o celibato sacrificou, todos rugem e soluçam nos desesperos e nos desalentos da minha angustia universal.
Eugenia, somos os simbolos dos sexos que Deus plasmou para juntos, unificados, recosntruirem a felicidade por êle criada, mas, desfeita por satã.
Todos os que, um dia, na mal despontada adolescência, sentiram na chispa de um olhar, no contato de uma mão, no tremor de uns lábios feitos para o beijo, o deslumbramento inexplicável do amor e depois, arredados pelo fantasma do destino, se imergiram na desgraça de nunca mais sentir êsse encanto divino da paixão, todos vivem dentro do símbolo que somos, soluçando a nossa mágua, a desventura deles.
Quem somos nós? Tu és a resignação que sofre e não protesta; eu sou a dor que empunha a pena e escreve ! És a angútia que se martiriza, mas emudece; sou a desdita que pena, mas, não se cala: És a mulher que o amor santificou, na vida; sou o homem que por um sonho se iludiu.
Somos dois corações, que na terra não puderam unir-se, que no céu, porem, se encontraram num refluxo de sol, num raio de luz, para eternamente abençoar os infelizes no amor.
De todas as partes perguntam: - Quem sou eu; quem és tu. Querem saber quem seja o Frade amargurado que te escreve, com tanta lágrima nos olhos e tanto amor infeliz no coração.
Anseia por descobrir quem sejas tú, tão querida, ao ponto de mereceres tão frequentemente a confidência dolorosa de um sonhador que descreu de amar. Desejo inutil. vão esforço, porque nós somos todos aqueles que já tiveram uma ilusão e a viram desfeita.
Vivemos, tu, dentro de cada alma de mulher que foi infeliz e nesta vida passou pela desgraça de se deixar iludir; eu, no intimo de cada homem, no latejamento febriu de todos os corações masculinos que provaram o amor; que por um minuto sentiram as delicias do Edem e depois expulso da mansão dos sonhos, vaguearam sob o clarão da espada ígnea do Arcanjo, sem rumo, sem destino, arrastados pela dor de ter amado, pela saudade da beleza que entreviram, ralados pela ânsia, pelo tormento de nunca mais poder amar, porque o amor é como a vida; um só se há de ter, um só se há de experimentar para eternamente ser feliz ou infeliz.
Outros virão fugazes, superficiais, amargosos, servido apenas para aumentar a angústia da lembrança daque que se perdeu.
Quem somos nós? somos o duplo coração da humanidade, perenemente em dor, od pólos da vida; o in ferno e o céu das religiões espirituais; a lágrima e o anseio dos que amaram; o tormento dos que se quiseram; a angustia dos amorosos que jamais conseguiram unir-se.
Somos a sombra de todos os amantes; a tristeza de todos os que tentaram alçar-se até Deus e se aprofundaram até Satã: Vibra no silêncio a desdita das mulheres que a ilusão emudeceu: És a projeção dolorosa de tôdas essas almas que se suicidaram por um beijo e numa irresolução perderam a melhor batalha da vida; os trufos do amor.
Eu sou alguma coisa a mais do que tú; tu és mulher apenas; eu sou frade tambem.
Ah ! se os leitores pudessem reclinar a cabeça cheia de sonhos sôbre o amargurado coração que esta cartas compõe ! Ah se pudessem...
Os anos que me sugaram as faces e hoje, trêmula, esta pena dolorosa nas mãos colocaram, não conseguiram abafar o bramido de revolta que nêle o amor despertou, as labaredas que o incendio da paixão lhe ateou em outras épocas.
Nem sei como arde e em flamas se não faz o burel que me amortalha: Ruge atormentado em mim o coração humano que amou e que, por imposição dos homens, em nome de ula Lei injustificavel perante Deus e as escrituras, nunca mais poderá amar.
Todos esses milhões de monges, êsses incontaveis amorosos que o celibato sacrificou, todos rugem e soluçam nos desesperos e nos desalentos da minha angustia universal.
Eugenia, somos os simbolos dos sexos que Deus plasmou para juntos, unificados, recosntruirem a felicidade por êle criada, mas, desfeita por satã.
Todos os que, um dia, na mal despontada adolescência, sentiram na chispa de um olhar, no contato de uma mão, no tremor de uns lábios feitos para o beijo, o deslumbramento inexplicável do amor e depois, arredados pelo fantasma do destino, se imergiram na desgraça de nunca mais sentir êsse encanto divino da paixão, todos vivem dentro do símbolo que somos, soluçando a nossa mágua, a desventura deles.
Quem somos nós? Tu és a resignação que sofre e não protesta; eu sou a dor que empunha a pena e escreve ! És a angútia que se martiriza, mas emudece; sou a desdita que pena, mas, não se cala: És a mulher que o amor santificou, na vida; sou o homem que por um sonho se iludiu.
Somos dois corações, que na terra não puderam unir-se, que no céu, porem, se encontraram num refluxo de sol, num raio de luz, para eternamente abençoar os infelizes no amor.
segunda-feira, 6 de abril de 2009
Cartas Esquecidas
As famosas cartas de Frei Francisco da Simplicidade, surgiram em Jornais de São Paulo, isto em meados do Século XVIII, um numero gandiosos de leitores compravam o "Jornal", existente na epoca , e para alegria do Editor surgiram duas correntes, os que acreditavam na veracidade das mesmas, e os que juravam de pés juntos que tratava-se de ficção.
Todavia as cartas cada dia tornavam-se mais famosas a tiragem do jornal aumentava para espanto do Editor, centenas de pessoas queriam apenas lêr as cartas deste sotaina.
Cartas Esquecidas Foram Editas em Livro da Coleção Saraiva, no final XIX, somente na estante do Tio Raimundo Nonato de Castro deve ter ficado por longos trinta anos, e em meu poder está desde o ano de 1959, ou nada menos de 50 (cincoenta anos), para comemorar as Bodas de Ouro, tomei a decisão de coloca-las em meu recem criado Blog.
PARA OS NAMORADOS
Hoje não há mais clima para romances repletos de amarguras e sofreres do par de apaixonados, logico que são apenas sobras de uma época emudecida , que povoam de saudades os corações dos mais antigos, muitos dos quais vivenciaram o periodo social em que
os polos da vida, ou a angustia dos que jamais conseguiram "Unir-se".
Você Sabia que...O amor tem sido o tormento dos homens e o martirio das mulheres. Dêste tormento e dêste martirio é que se tece - fios de ouro e de prata - A gloria e a vida.
Voce sabia que... Ninguem ouve no mundo - palhaço de picadeiro ou monge do desertos- que não se visse, um dia, enredado na trama celeste e infernal do amor.
Voce sabia que... O amos é a respiração da humanidade. a lei suprema que rege a gravitação universal dios corações na terra, como essas outras que regem no espaço, a
gravitação das estrêlas.
Voce sabia que...O amor é a ultima explicação de todos os misterios humanos, retine e ecoa no riso de quem se alegra e geme ou sussurra na voz angustiada de quem sofre: Ela é a luz dos olhos formosos das mulheres, a côr dos lábios forte dos homens, a sedução irresistivél dos colos femininos, a dominadora energia das espáduas largas dos atletas.
Voce sabia que... O amor brilha no ouro claro dos cabelos louros para tentação dos morenos e forma o fundo negro das cabeças de azeviche para endoidecer as mulheres de pele diáfana e macia. Oculta-se, como perfume, que depois se vai desprendendo, aos pucos, na palma pequenina de uma mulher, encerrada na concha forte e quente de uma destra masculina.
Voce sabia que... Á semelhança de um sôpro im ponderável, dos gestos elegantes e orgulhosos com que as mkoças se miram nos espelhos ou prendem, sob o chapéu a mecha irrequieta do cabelo sempre a escapar: Sentem-no as mulheres na maneira larga, e des-
preocupada com que os homens acendem ou jogam fora o cigarro já fumado, no braço viril de quem ama. na voz imperativa dos que nasceram para mandar, no exterior rude e vincado que denuncia a alma forte e destemida.
Entrevemo-lo nas menores coisas de que se entrama a existência deliciosamente fútil dos que se querem bem; aquela malva mucha e muda que nos veio dentro da carta... Não tinham uma única palavra escrita, nem sequer uma inicial... E quanta coisa adoravél
não disse! Quanta palavra boa, oculta em suas nervuras e, sobretudo, quanta esperança no verde de sua folha! Aquela rosada pétula de flor deixada, por esquecimento proposital, no livro, que nos mandou, no romance lido em dois dias, na ânsia de novas emoções... Petala rosada de fçor, como te pareces com o rosto amado de quem aqui deixou! Reproduzes, na tua delicadeza; a meiguice colorida e quante dêsse rosto...Quero chegar-te a mim; sin to calor do rosto dela! Sinto o pulsar de seu sangue em ti! Tens a mesma maciez de penugem que convida a adormecer, a sonhar! Permite-me que te beije?
Que significam essas paginas do romance, assinaladas com o dobtar das pontas do alto? Quantas revelações neste gesto feminino! tudo o que nós queremos disse e n~~ao disse, ai esta, no assunto descrito, nas frazes sublinhadas e, por vezês, numa única palavra, num nome apenas. Quem nos dá essa fôrça desvendadora de mistérios? O amor.
O amor circula em nossa veias, lateja-nos na fronte, pulsa-nos dentro do ser e traduz, nas cores da epiderme, as impressoões do coração em luta. Vive no reflelxo do sol, quano estamos contentes, na voz dos pássaros, quando não nos contemos de alegria, no bimbalar festivo do sinos
em manhã dominical, no esplendor da luz nos nossos meio-dias tropicais.
Vive na palpebra que se abaica de timidez, no primeiro encontro, no tremor frio das mãos que se
apertam pele primeira vez, na perturbação da voz de quem se vai estrear na vida , ao dizer alto o que baixinho o coração tinha dito em tantas ocosiões de sinceridade: - Eu te amo!
O amor! A proteção de Deus nas criaturas para que a feiura da terra tenha os encantos do Céu.
Todavia as cartas cada dia tornavam-se mais famosas a tiragem do jornal aumentava para espanto do Editor, centenas de pessoas queriam apenas lêr as cartas deste sotaina.
Cartas Esquecidas Foram Editas em Livro da Coleção Saraiva, no final XIX, somente na estante do Tio Raimundo Nonato de Castro deve ter ficado por longos trinta anos, e em meu poder está desde o ano de 1959, ou nada menos de 50 (cincoenta anos), para comemorar as Bodas de Ouro, tomei a decisão de coloca-las em meu recem criado Blog.
PARA OS NAMORADOS
Hoje não há mais clima para romances repletos de amarguras e sofreres do par de apaixonados, logico que são apenas sobras de uma época emudecida , que povoam de saudades os corações dos mais antigos, muitos dos quais vivenciaram o periodo social em que
os polos da vida, ou a angustia dos que jamais conseguiram "Unir-se".
Você Sabia que...O amor tem sido o tormento dos homens e o martirio das mulheres. Dêste tormento e dêste martirio é que se tece - fios de ouro e de prata - A gloria e a vida.
Voce sabia que... Ninguem ouve no mundo - palhaço de picadeiro ou monge do desertos- que não se visse, um dia, enredado na trama celeste e infernal do amor.
Voce sabia que... O amos é a respiração da humanidade. a lei suprema que rege a gravitação universal dios corações na terra, como essas outras que regem no espaço, a
gravitação das estrêlas.
Voce sabia que...O amor é a ultima explicação de todos os misterios humanos, retine e ecoa no riso de quem se alegra e geme ou sussurra na voz angustiada de quem sofre: Ela é a luz dos olhos formosos das mulheres, a côr dos lábios forte dos homens, a sedução irresistivél dos colos femininos, a dominadora energia das espáduas largas dos atletas.
Voce sabia que... O amor brilha no ouro claro dos cabelos louros para tentação dos morenos e forma o fundo negro das cabeças de azeviche para endoidecer as mulheres de pele diáfana e macia. Oculta-se, como perfume, que depois se vai desprendendo, aos pucos, na palma pequenina de uma mulher, encerrada na concha forte e quente de uma destra masculina.
Voce sabia que... Á semelhança de um sôpro im ponderável, dos gestos elegantes e orgulhosos com que as mkoças se miram nos espelhos ou prendem, sob o chapéu a mecha irrequieta do cabelo sempre a escapar: Sentem-no as mulheres na maneira larga, e des-
preocupada com que os homens acendem ou jogam fora o cigarro já fumado, no braço viril de quem ama. na voz imperativa dos que nasceram para mandar, no exterior rude e vincado que denuncia a alma forte e destemida.
Entrevemo-lo nas menores coisas de que se entrama a existência deliciosamente fútil dos que se querem bem; aquela malva mucha e muda que nos veio dentro da carta... Não tinham uma única palavra escrita, nem sequer uma inicial... E quanta coisa adoravél
não disse! Quanta palavra boa, oculta em suas nervuras e, sobretudo, quanta esperança no verde de sua folha! Aquela rosada pétula de flor deixada, por esquecimento proposital, no livro, que nos mandou, no romance lido em dois dias, na ânsia de novas emoções... Petala rosada de fçor, como te pareces com o rosto amado de quem aqui deixou! Reproduzes, na tua delicadeza; a meiguice colorida e quante dêsse rosto...Quero chegar-te a mim; sin to calor do rosto dela! Sinto o pulsar de seu sangue em ti! Tens a mesma maciez de penugem que convida a adormecer, a sonhar! Permite-me que te beije?
Que significam essas paginas do romance, assinaladas com o dobtar das pontas do alto? Quantas revelações neste gesto feminino! tudo o que nós queremos disse e n~~ao disse, ai esta, no assunto descrito, nas frazes sublinhadas e, por vezês, numa única palavra, num nome apenas. Quem nos dá essa fôrça desvendadora de mistérios? O amor.
O amor circula em nossa veias, lateja-nos na fronte, pulsa-nos dentro do ser e traduz, nas cores da epiderme, as impressoões do coração em luta. Vive no reflelxo do sol, quano estamos contentes, na voz dos pássaros, quando não nos contemos de alegria, no bimbalar festivo do sinos
em manhã dominical, no esplendor da luz nos nossos meio-dias tropicais.
Vive na palpebra que se abaica de timidez, no primeiro encontro, no tremor frio das mãos que se
apertam pele primeira vez, na perturbação da voz de quem se vai estrear na vida , ao dizer alto o que baixinho o coração tinha dito em tantas ocosiões de sinceridade: - Eu te amo!
O amor! A proteção de Deus nas criaturas para que a feiura da terra tenha os encantos do Céu.
domingo, 5 de abril de 2009
O CALCANHAR DO SEMINARISTA
Foi num Domingo de Ramos, quando na catedral provisória se benziam as palmas e lá fora, num sol estontecedor, lindo em suas batinas novas e sapatos de fivela, os seminaristas do Provincial cantavam;"Pueri hebreorum..." que se viram e se amaram. Sabes como? Da maneira mais interessante possível e um tanto ridícula.
Seminarista elegante e chic, moço no salão ede unhas polidas, ao iniciar-se a Semana Santa, botou um par de meias de sêda, tênues e delixadas como uma teia de aranha. Com o roçar do sapatinho lustroso, ameia rompeu-se justamente no calcanhar. Na igreja, naquele apêrto de povo, com aquele calor dos grande ajuntamentos, o elegante levita descalçou o pé de calcanhar a mostra, certo de que nenhum olhar indiscreto atingiria a leberdade do gesto. Ela, contudo, seguindo-o de há muito com o olhar, com o coração, foi se aproximando e quando se viu bem proxima do ultimo banco, onde o formoso clerico se assentava, tocou de leve, com a ponta aguda e macia do sapatinho branco, a pele rosada e latejante do futuro reverendo. A começo se assustou. Depois sentiu curiosidade e certa volúpia. Olhou; era ela. Sorriram-se. Tocou de novo o calcanhar à mostra... O seminarista enrubesceu-se. Um colega bisbilhoteiro deu-lhe uma cotovelada inteligente: Olhe, bôbo. è bonita... O reitor esta vendo ? Que !... não enxerga nada...
E O arcebispo ? Está se preparando e discutindo com o cônego orador... E os espiões do seminário ? Estão a servir o altar... Posso olhar então ? Pode.
E o futuro padre arriscou uma olhadela. A moça que já o esperava, aferrou-lhe um olhar que foi direto ao coração. Ficou pálido; estava vencido. Tôda a Semana Santa foi uma delicia.
Aquela meia rasgada tinha filtros, encantamentos, seduziu-a. E depois querem dizer que o amor reside no coração... Para o seminarista residia no calcanhar. Na procissão de enterro estiveram juntinhos, juntinhos. No sabado de manhã, os colegas riam-se com muita inveja, examinando-lhe as mãos; estavam roxas de beliscões. No domingo de Ressurreição, sob a neblina protetora confabularam longamente. Na segunda-feira de Pascoa, ele elegantissimo futuro reverendo, desaparecia do seminário. O cancanhar lhe fora fatal.
Seminarista elegante e chic, moço no salão ede unhas polidas, ao iniciar-se a Semana Santa, botou um par de meias de sêda, tênues e delixadas como uma teia de aranha. Com o roçar do sapatinho lustroso, ameia rompeu-se justamente no calcanhar. Na igreja, naquele apêrto de povo, com aquele calor dos grande ajuntamentos, o elegante levita descalçou o pé de calcanhar a mostra, certo de que nenhum olhar indiscreto atingiria a leberdade do gesto. Ela, contudo, seguindo-o de há muito com o olhar, com o coração, foi se aproximando e quando se viu bem proxima do ultimo banco, onde o formoso clerico se assentava, tocou de leve, com a ponta aguda e macia do sapatinho branco, a pele rosada e latejante do futuro reverendo. A começo se assustou. Depois sentiu curiosidade e certa volúpia. Olhou; era ela. Sorriram-se. Tocou de novo o calcanhar à mostra... O seminarista enrubesceu-se. Um colega bisbilhoteiro deu-lhe uma cotovelada inteligente: Olhe, bôbo. è bonita... O reitor esta vendo ? Que !... não enxerga nada...
E O arcebispo ? Está se preparando e discutindo com o cônego orador... E os espiões do seminário ? Estão a servir o altar... Posso olhar então ? Pode.
E o futuro padre arriscou uma olhadela. A moça que já o esperava, aferrou-lhe um olhar que foi direto ao coração. Ficou pálido; estava vencido. Tôda a Semana Santa foi uma delicia.
Aquela meia rasgada tinha filtros, encantamentos, seduziu-a. E depois querem dizer que o amor reside no coração... Para o seminarista residia no calcanhar. Na procissão de enterro estiveram juntinhos, juntinhos. No sabado de manhã, os colegas riam-se com muita inveja, examinando-lhe as mãos; estavam roxas de beliscões. No domingo de Ressurreição, sob a neblina protetora confabularam longamente. Na segunda-feira de Pascoa, ele elegantissimo futuro reverendo, desaparecia do seminário. O cancanhar lhe fora fatal.
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