sexta-feira, 17 de abril de 2009

MEUS OLHOS ESTÂO EM FESTA

Meus olhos estão em festa, e por isso pede o meu coração a Deus que prolongue indefinidamente os dias de inverno que atravessamos. São Paulo espõe nos movimentados mostruários das suas ruas tudo que é de mais famoso vivia oculto nas redomas dos lares. Que lindas moças passam por estas frígidas enervantes tardes paulistanas ! Nem sei qual é o tipo preferivel, porque todos possuem o encanto próprio da sua estatura. No fundo frouxamente iluminado da tarde agonizante surgem mulheres altas e esguias, de colo branco e garganta ebúrnea, voluptosamente envôltas em peles bem mais felizes do que nós, nesse contato de licioso da carne quente e acetinada, por que não poderemos, por um golpe de magia, desfazer-nos do corpo lerdo que temos para surgir transformados nesses adornos, por um momento que fosse? Chegar a boca aos ouvidos de quem se adora e dizer-lhe as confidências que marulham no mar vemelho do coração e que nunca hão de ferir os ares indiscretos das ruas... Sentir de encontro ao nosso peito áspero de homem, a carícia redonda e macia dêsse busto de mulher amada... Colar, enfim, lábios contra lábios, na trnasfusão da febre que chamamos amor... Tudo são loucuras que o frio de São Paulo inspira a quem, como eu, vive só, longe de qualquer caricia faminina. Imagino o que não posso realizar se os meus olhos sonham descobrir, em cada mulher bonita, uma namorada a mais.
Por isso, vivem eles em festa, rogando a Deus que prolongue, indefinitamente, os dias frios de São Paulo hibernais. Passam depois, na meia luz do crepúsculo, no aperto da rua Direita, outras mulheres, de meia altura, firmes e moças. Vem apertadas em casacos macios, que se amoldam perfeitamente ás forma do corpo, pondo-se em resalto. Adivinha-se a côr rosada e latejante da epiderme que ela ocultam e nada a mais delicioso do que adivinhar pela imaginação aquilo que. muitas vezes, a brutalidade real da visão objetiva mata e destroi. Oh ! se pudéssemos tomar elesticidade de certos tecidos fofos e calorentos para aplicar-nod a essas epidermes cor de rosa e leite que a força da juventude anima e aquece. Elas passam e, no ar quase gelado da tarde, vão deixando essa mistura inexplicável de perfume e de calor, de côres e de sombra. que faz a delicia de meus olhos solitários. Deverei deter, um dia, a mais formosa de todas para dizer-lhe a tortura de minha solidão? Deverei contar-lhe as tormentas do meu silencio na mais barulhenta das cidades brasileiraS? Não, abosolutamente não! meus olhos são vagabudos insaciáveis e nunca poderiam adormecer tranquilos, cheios da beleza de uma única mulher. Eles necessuitam de todas as que passam pelas ruas, até da feias, para compor com todos os tipos a ilusão de que eles se alimentam... Como quedar-me acalmado diante de única formosa? Nunca! Perece-me que temos o infinito dentro de nós, não o coração que é cego, maa nos olhos que não se satisfazem jamais. E quando passarem êstes dias nevoentos, como ficarão os meus olhos? Encher-se-ão de cismas e de mágoas gotejadas, depois em lagrimas de saudades? Ó Senhor! prolonga o inverno de São Paulo para que os meus olhos vivam em festa, longe das águas amargasde que sempre inundados! Faze que as mulheres se multipliquem nestas tardes a fim de estadear um pouco da imagem refletida na beleza de seus rostos, a fim de que meus olhos cantem a tua gloria, cantando a formusura das tuas mulheres!

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